Dados do Trabalho

Título

ELETROENCEFALOGRAMA QUANTITATIVO: APOIO AO PARECER NEUROPSICOPEDAGOGICO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM SUSPEITA DE TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇAO E HIPERATIVIDADE

Objetivos

O presente estudo tem como objetivo considerar o Eletroencefalograma Quantitativo (EEGq) como instrumento constitutivo do processo de Parecer Diagnóstico, visando identificar características que possam ser sugestivas do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Além disso, pretende agregar evidências científicas ao processo de Parecer Diagnóstico, minimizando ao máximo a subjetividade do processo e trazendo elementos da neurociência para a clínica neuropsicopedagógica.

Material e Método

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) surge na infância atingindo de 3 a 6% das crianças e adolescentes e pode acompanhar o indivíduo por toda a vida
O Parecer Neuropsicopedagógico busca identificar o padrão de TDAH. Os resultados são descritos a partir de média e desvio- padrão, que permitem a utilização de cálculos para comparação
Inúmeras crianças com suspeita de TDAH são submetidas a detalhado processo de parecer diagnóstico, visando identificar características particulares dos indivíduos que possuem TDAH. Tais características são pormenorizadas pelo DSM-5 TR e devem responder a um conjunto de pressupostos que definem o transtorno. Tal processo demanda tempo, preparo e consistência teórica para que os resultados apontem com clareza para o transtorno. Tais testes devem ser parametrizados, voltados para a população brasileira e passíveis de comprovação científica. Além disso, devem ser acompanhados por entrevista com vários interlocutores.
O DSM-5 TR apresenta, como critério diagnóstico, a realização de EEG para amparar a identificação do Transtorno
“Não há marcador biológico que seja diagnóstico de TDAH. Como grupo, na comparação com pares, crianças com TDAH apresentam eletroencefalograma com aumento de ondas lentas...”
Isso posto, faz-se necessária a busca de estudos que aproximem evidências identificadas nos testes, observação clínica, diálogo com diferentes interlocutores (família, escola, terapeutas, dentre outros) em associação com características singulares do Eletroencefalograma, dentre elas: aumento de ondas lentas, medidas objetivas de razão Teta-beta, áreas com maior ou menor ativação e assimetrias significativas nas ondas elétricas do cérebro.
O paciente no qual este estudo está referendado é do sexo feminino, possui 13 anos, estudante do 8º ano, escola particular, SP, e será, aqui, tratada pela abreviatura GC.
Os resultados apresentados consideraram a aplicação de testes padronizados para a identificação de TDAH: Escala Conners, SNAP IV, ETDAH (Criad- Autoavaliação e Pais), além de Teste de Atenção por Cancelamento (TAC), Teste de Trilhas e Torre de Londres (TOL) como testes complementares ao processo, dentre outros, que buscam elucidar questões de campo pedagógico.
Nos testes, GC apresentou os seguintes resultados:
Quadrante Superior para Desatenção e Hiperatividade nos seguintes testes:
• SNAP IV (Pais e Professores);
• Escala de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (ETDAH AD);
• Escala de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade Pais (ETDAH- Pais);
• Escala de Avaliação de Comportamentos Infanto-juvenis no TDAH- Autoavaliação ETDAHCriad.
Nos testes complementares, GC apresentou:
• Teste de Atenção por Cancelamento (TAC)- atenção seletiva e atenção seletiva com demanda da alternância: nível baixo;
• Teste de Trilhas: Parte A: média / Partes B e B/A: baixo;
• Torre de Londres (TOL): média, sendo o resultado da parte 2, muito baixo;
O Parecer Neuropsicopedagógico também observou o desenvolvimento neuropsicomotor, Desempenho Escolar, Leitura e Interpretação de Texto, Habilidades Matemáticas, Estratégias Metacognitivas e Linguagem Oral, entendendo que o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade pode apresentar rebatimento também em outras esferas além das atencionais (como por exemplo nas dificuldades inerentes ao processo de aquisição de conhecimento). Os testes complementares aplicados em GC foram:
• Developmental Coordination Disorder Questionnaire (DCDQ)- indicação de Transtorno de Desenvolvimento da Coordenação (TDC);
• Teste de Desempenho Escolar (TDE II), Déficit leve a moderado em aritmética e leitura. Déficit grave em escrita / tempo;
• Técnica Cloze: dentro do esperado;
• Coruja Promat: habilidades compatíveis com o 5º ano escolar;
• Escala de Avaliação de Estratégias de Aprendizagem- EF (EAVAP): inferior;
• Prova de Consciência Fonológica por Produção Oral (PCFO), Teste de Repetição de Palavras e Pseudopalavras, Teste Infantil de Nomeação: Nível médio
GC apresentou resultados sugestivos de TDAH incluindo, também, baixo resultado em testes que corroboram para a identificação do TDAH e que apontaram para questões de memória, flexibilidade cognitiva, planejamento e estratégia de pensamento, dentre outros.

Resultados

O EEGq mostra-se complemento do processo de Parecer Diagnóstico. Vale elucidar que realizamos parecer Diagnóstico visto que o diagnóstico é de esfera exclusiva do profissional médico. O EEGq apresenta resultados objetivos, passíveis de visualização em tempo real e aponta para o transtorno, na medida em que apresenta indicativos para o TDAH, como a relação Theta/Beta e a visualização de áreas com maior ou menor ativação. Estes achados, somados à história clínica do paciente e relacionados aos resultados dos testes, corroboram de forma significativa para a identificação do perfil de TDAH.
Tais indicadores foram identificados no processo de Parecer Neuropsicopedagógico e foram elucidados sobremaneira pelo EEGq (razão theta/beta em CZ: 5,0 e em PZ: 3,28). O EEGq se mostra, então, elemento fundamental e estruturante do Parecer Neuropsicopedagógico.
Baseado no DSM-5-TR, GC apresentou resultados compatíveis com TDAH, além de indícios de Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação e dificuldades consistentes em leitura, escrita e aritmética.

Conclusões e implicações dos resultado

As medidas baseadas em evidências científicas elucidam e trazem maior clareza e capacidade de análise ao processo de Parecer Diagnóstico. Desta forma, minimizam-se tanto a subjetividade quanto os riscos de conclusões inadequadas. Garante-se, também, métricas mais consistentes de análise.