Dados do Trabalho
Título
ARTERIA CORONARIA DIREITA COM ORIGEM ANOMALA EM SEIO CORONARIANO ESQUERDO COM TRAJETO MALIGNO E AGENESIA DE TRONCO CORONARIANO ESQUERDO.
Apresentação do Caso
Paciente do sexo feminino, 43 anos, relata dor retroesternal esporádica há 31 anos, desencadeada por estresse e atividade física, com início súbito e melhora rápida (intensidade 6/10). Há 24 anos, apresenta anualmente um a dois episódios de síncope relacionados ao consumo de álcool, caracterizados por palidez, náusea, turvação visual, sudorese fria e êmese. Em consulta cardiológica em 2023, teste ergométrico revelou taquicardia ventricular, levando à angiotomografia coronariana. Realizada em 04/06/2023, evidenciou único tronco coronariano originado no seio de Valsalva esquerdo com trajeto interarterial maligno, associado à agenesia do tronco coronariano esquerdo.
Paciente foi internada em agosto no Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen em Itajaí (SC) e optado por realizar o procedimento cirúrgico com a técnica unroofing para correção anatômica. Não houve intercorrências, a paciente realizou fisioterapia para reabilitação cardiopulmonar no pós operatório e apresenta boa recuperação.
Discussão
Anomalias coronarianas, alterações raras na anatomia das artérias coronárias, podem se manifestar de maneira assintomática ou clínica, incluindo dor torácica inespecífica, dispneia e síncope. Com incidência variando de 0,2% a 5,6%, a mortalidade está ligada ao tipo de anomalia. Importante dedicar atenção especial às anomalias originadas na aorta, responsáveis por até 17% das mortes súbitas cardíacas em crianças e jovens atletas.
Nesse sentido, a prevalência da artéria coronária direita com origem no seio coronariano esquerdo, à respeito do caso da paciente, é extremamente rara, variando de 0,06% a 0,6%, e corresponde a até 85% dos casos de morte súbita das anomalias com origem em aorta. Além disso, a agenesia do tronco coronariano esquerdo na paciente acrescenta uma complexidade única ao caso, sendo notável a escassez de dados na literatura que abordem ambas as anomalias de forma conjunta.
Assim, o curso interarterial da coronária única predispõe a sua compressão extrínseca pela dilatação dos vasos adjacentes na realização de atividade física, provocando isquemia e síncope. Ademais, a agenesia do tronco coronariano esquerdo possui risco importante relacionado à isquemia ântero-lateral e septal e infarto do miocárdio.
Conclusão
O caso apresentado ressalta a complexidade e singularidade da anomalia coronariana em questão, demonstrando a importância empírica na contribuição do conhecimento médico.
Referências
Silva, Andrea, et al. “Anomalias congénitas das artérias coronárias”. Revista Portuguesa de Cardiologia, vol. 37, no 4, abril de 2018, p. 341–50. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.repc.2017.09.015.
Ferreira, Ana Flávia Pina, et al. “Anomalous origin of coronary arteries with an interarterial course: pictorial essay”. Radiologia Brasileira, vol. 52, no 3, junho de 2019, p. 193–97. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0100-3984.2017.0203.
Saedi, Sedigheh, et al. “Congenital Atresia of Left Main Coronary Artery”. The Egyptian Heart Journal, vol. 70, no 4, dezembro de 2018, p. 451–53. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.ehj.2018.10.005.
Área
Geral
Autores
CAIO ARAUJO FIATES, PEDRO PIAZZA SCHMIDT, MARCELO ALEXANDRE TESSAROLO FILHO, ROCHELE LORENZI POL, LUIS BONGIOLO MATTOS, THAÍS ISABEL LUMIKOSKI