XVI Encontro de Angiologia e de Cirurgia Vascular do Conesul e Cela 2024 (Sociedade Latino-Americana de Cirurgiões Endovasculares)

Dados do Trabalho


Título

ANEURISMA DE ARTERIA ILIACA COMUM ESQUERDA ROTO EM PACIENTE COM ABORDAGEM CIRURGICA PREVIA DE ANEURISMA DE AORTA ABDOMINAL : UM RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

Paciente masculino, 78 anos, ex-tabagista, hipertenso, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica e Acidente Vascular Cerebral há 4 anos, histórico de correção cirúrgica aberta com enxerto Dacron aorto-aórtico de aneurisma de aorta abdominal infrarrenal em 2013 e diagnóstico de Aneurisma de Artéria Ilíaca Comum (AAIC) esquerda de 3,8cm em 2017 sem correção, procurou atendimento por dor abdominal intensa em andar inferior, que irradiava para dorso, de início súbito, associada a náuseas e vômito. Ao exame físico, apresentava dor à palpação superficial e profunda em abdome inferior. Realizada Angiotomografia Computadorizada aorto-ilíaca, que evidenciou aorta abdominal de calibre aumentado, mas sem aneurisma, AAIC esquerda com calibre de até 10 cm, que se inicia na emergência da bifurcação aortoilíaca. Descontinuidade parietal com moderado conteúdo hiperdenso (provavelmente hemático) no retroperitônio, mais evidente à esquerda e, por fim, artérias ilíacas internas e externas com placas calcificadas e irregularidades parietais. Foi submetido a correção endovascular de aneurisma de AAIC esquerda com implante de endoprótese bifurcada Braile + implante de duas extensões, bem como angioplastia de artérias ilíacas externas.

Discussão

Aneurismas de Artérias Ilíacas (AAI) são menos frequentes que aneurismas aórticos, são mais comuns em Artéria Ilíaca comum e, apenas 0,03% da população os apresentam isoladamente, sem Aneurisma de Aorta Abdominal (AAA) concomitante. Fatores de risco incluem sexo masculino, raça branca, idade superior a 60 anos, hipertensão e tabagismo. Geralmente, apenas AAIs maiores que 6 cm desenvolvem sintomas, os quais são relacionados à compressão de estruturas adjacentes, trombose e ruptura. O tamanho habitual para rotura está entre 5-7cm. Há relatos de desenvolvimento de AAIC após reparo de aneurismas de aorta infra-renal (0,6-1,2%), contudo dados são antigos e subestimados devido à dificuldade de detecção clínica relacionada ao tempo de seguimento pós-operatório, visto que a maioria das novas formações ou progressão da doença aneurismática ocorre após 5 anos. Ademais, o paciente pode apresentar artérias ilíacas de calibre normal em reparo de AAA prévio. O tratamento depende do tamanho, localização e estado clínico, sendo a via endovascular preferida devido à menor tempo de recuperação e invasividade.

Conclusão

A ocorrência de AAIC esquerdo roto após correção de AAA é rara, mas pode ameaçar a sobrevivência destes pacientes, demandando diagnóstico e correção precoces.

Referências

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Área

Geral

Autores

Emanuelle Marafiga da Silva, Mariana Paslauski Nunes, Stela Karine Braun, Alcides Andre Dezordi Vogel, Johanns Loureiro Braz