Dados do Trabalho
Título
SINDROME DA AORTA PEQUENA: UM RELATO DE CASO
Apresentação do Caso
Paciente feminina, 57 anos, tabagista, diabética, hipertensa, drogadita, portadora de Doença Arterial Obstrutiva Periférica, procurou atendimento por úlceras infectadas em hálux e quinto pododáctilo direitos, associado a dor em membros inferiores (MMII), de início há mais de um ano com piora progressiva. Ao exame físico apresentou extremidades aquecidas com ausência de pulsos femorais bilateralmente. Em pé direito, necrose úmida em hálux e isquemia de quinto metatarso. A angiotomografia contrastada de aorta abdominal com ramos e MMII evidenciou oclusão de porção aortoilíaca bilateral, associada à diminuição do calibre desses vasos. Foi submetida, então, à intervenção cirúrgica convencional, na qual foi realizada ponte aortobifemoral com interposição de prótese de Dacron, restabelecendo o fluxo para MMII, bem como amputação do hálux e quinto pododáctilo direitos. Posteriormente, foi encaminhada para Unidade de Terapia Intensiva. Recebeu alta após cinco dias para acompanhamento ambulatorial seriado.
Discussão
A síndrome da aorta pequena, também chamada de síndrome aortoilíaca hipoplásica, caracteriza-se por uma variação anatômica congênita em que há estreitamento da aorta terminal e das artérias ilíacas. Sua etiologia não é bem definida, porém existem condições predisponentes como trauma, radiação, rubéola congênita, fatores inflamatórios, menopausa precoce, desequilíbrios hormonais e defeito congênito. Os principais fatores de risco são tabagismo, dislipidemia, aterosclerose e história familiar de doenças cardiovasculares, atingindo, principalmente, mulheres entre 50 e 60 anos. Clinicamente, apresenta-se com claudicação intermitente de MMII bilateral, podendo haver dor em repouso e isquemia. Níveis elevados de triglicerídeos, colesterol e apolipoproteína (APO) C3 e baixos níveis de APO A1 contribuem para o diagnóstico diferencial. O diagnóstico é feito com base nos achados clínicos e de angiotomografia, por meio da medida do diâmetro interno da aorta. O tratamento de revascularização é indicado nos casos de risco de perda iminente de MMII, dor em repouso ou lesão trófica isquêmica em MMII com ausência de pulso palpável, com preferência à cirurgia aberta. Ademais, indica-se uso de antiagregantes plaquetários e acompanhamento periódico.
Conclusão
A hipoplasia da aorta, apesar de rara, possui alto índice de morbidade, sobretudo quando relacionada a graus elevados de aterosclerose, o retardo do diagnóstico e do tratamento pode refletir na perda do membro e, até mesmo, em óbito.
Referências
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Área
Geral
Autores
Emanuelle Marafiga da Silva, Marina Buchner, Mariana Paslauski Nunes, Luísa Mileski Prado Lima, Vinicius Matos Menegola